Há pessoas que adoram apaixonar-se!
Por tudo e por nada, eis que surge uma nova paixão. A propósito disto ou daquilo, vão saltitando e construindo uma filosofia muito própria. é a força, a energia, o impulso que o descobrir alguém lhes trás à vida, o sentido acrescido que cada nova paixão lhes dá, o bom que é ter sempre alguém para partilhar ideias, programas, vidas, tempo e, o quanto é mau, nocivo, não ter alguém com quem o fazer.
Depois existem os que detestam apaixonar-se. Que fogem a sete pés da paixão, que a encaram como um perigo eminente, sentem um terror mais ou menos encoberto de deixarem de ser o que são, e como são, pela existência de um outro que lhes pede coisas e tem expectativas.Portanto, isto da paixão tanto pode ser, "Fogo que arde sem se ver" como ,"Inferno sem chama nem lava".
Mas, porque ninguém se apaixona quando já está apaixonado, e também, porque na paixão, conta pouco quem o outro é de facto; percebe-se pois que o acto do apaixonamento tem antes de mais que ver com o próprio. Apaixonamo-nos quando somos capazes, quando encontramos alguém que sirva bem o nosso desejo.Para isso é preciso estarmos afectivamente disponíveis mesmo que racionalmente não seja assim. É preciso que tal facto acarte uma certa quantidade e qualidade de sentido, capaz de nos fazer mover. Pode parecer que tal movimento é sempre em direcção ao objecto desejável mas nem sempre assim é. Por vezes o outro, é uma mera referência que está lá. Distante e intocável mas que serve ainda assim para nos investirmos a nós e nos disciplinarmos a ser mais parecidos com o que gostariamos de ser!
Parece complicado não é? mas lá que é eficaz não duvidem.
É que isto de nos apaixonarmos não é uma inevitabilidade como ter sarampo na infância, espinhas na adolescência ou ir envelhecendo um pouco todos os dias.
Muito mais que gostar ou detestar, a paixão acontece se houver espaço para o imprevisto e para o inesperado.