Fala-se cada vez mais em divórcios.
É certo que as estatisticas crescem assustadoramente mas é certo também, que mesmo nos casos em que o fim trás alivío e comporta a ideia de liberdade, fica sempre um gostinho meio amargo. Aquela sensação de perda, seja da perda de tempo, das pessoas ou bens, de um modo de vida, e até um certo desconforto de falhanço pessoal.
Isto é claro na melhor da hipóteses.
O que contudo é curioso no meio de por vezes tanto lavar de roupa suja, é que se as pessoas se separam, um dia uniram-se, casaram ou juntaram-se. As separações são sem dúvida complexas, mas as uniões não o são menos!
Num tempo em que se defende por princípio o direito de toda a gente à felicidade e ao bem estar, parece ser uma expectativa legitima que todos possam encontrar alguém que amem e por quem possam ser amados. Verifica-se no entanto que não é bem assim. A felicidade trazida de bandeja pelo princípe ou princesa encantada é improvável.
É verdade que há quem se una pelos laços do afecto mas, nem a todos se pode chamar amor. Umas vezes são atracções fatais, paixões despoletadas, outras são sentimentos de conforto e protecção que acalmam mas não emocionam, e por vezes até afinidades avulsas, intlectuais ou estéticas, proximidade geográfica ou física, pressões de familia de amigos. Isto, quando se desiste do mito romântico "fico com quem posso" e não "com quem quero", simplesmente para não se ficar sózinho. Há inclusive, quem fique com outra pessoa só para provar a si mesmo e aos outros que se é normal, igual a toda a gente. Ora assim sendo, juntam-se as pessoas como podem e sabem e é pois compreensível, que haja uniões que não passem nunca de reuniões, outras que descambam em desuniões e outras ainda, transformam-se em relações, instáveis, insatisfatórias e frustantes. Nesta perspectiva não vale a pena procurar as razões da separação, quando não se sabe ou se percebe muito bem, o que está por detrás da união.
Isto das relações, efectivamente mudou mas não melhorou. Entre outras coisas.